HÉLIO FILIMONE
EUGÉNIA Mapandzene e Carlos Malate confirmaram, ontem, em sede do julgamento do “caso das dívidas não declaradas”, na qualidade de declarantes, terem recebido dinheiro transferido da conta da empresa M Moçambique Construções, do réu Fabião Mabunda. Esta empresa, segundo a acusação, foi usada pela ré Ângela Leão, esposa de Gregório Leão, antigo director geral do SISE, para receber nove milhões de dólares de subornos pagos pelo Grupo Privinvest, o que contribuiu para lesar o Estado em 2,2 mil milhões de dólares.
Eugénia Mapandzene, ex-esposa de Gregório Leão, disse que recebeu 250 mil dólares, o equivalente a nove milhões de meticais na altura, pagos pela M Moçambique Construções, tendo usado o montante para a compra de uma casa. Disse queréu Khessaujee Pulchand foi quem ajudou a trocar o valor auma taxa de câmbio favorável.
Por sua vez, o declarante Carlos Malate disse ter vendido uma casa à ré Ângela Leão ao preço de um milhão e 600 mil dólares, pagos, também, pela empresa M Moçambique Construções. Segundo ele, a maior parte do valor foi paga em numerário e em dólares, por pessoas das relações da ré Ângela, incluindo o montante de 250 mil dólares, transferidos pela declarante Eugénia Mapandzene. Malate não soube explicar a natureza desta transacção e se a declarante Eugénia Mapandzene tinha ou não relação com a compradora da casa, neste caso a ré Ângela Leão.
“Quem negociou a casa foi Nelson Buque, irmão da ré Ângela Leão. Mas quem pagou foi a Moçambique Construções sem que, em nenhum momento, soubesse de onde provinham os fundos. Também não me disseram que seria uma outra pessoa a pagar. Igualmente, fiquei surpreendido porque a escritura da casa foi passada em nome da ré Mbanda Buque Henning, irmã da co-ré Ângela Leão” – contou declarante.
Entretanto, a representante do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula, confrontou o declarante com duas transferências bancárias de 250 mil dólares e 28 mil dólares, feitas pela M Moçambique Construções, do réu Fabião Mabunda, facto que veio extrapolar o preço da venda da casa por ele referido de um milhão e 600 mil dólares para mais de 200 mil dólares. O declarante não conseguiu ainda demonstrar que o valor recebido entrou no sistema financeiro moçambicano. Por sua vez, Eduardo Magaia, terceiro declarante ouvido ontem, disse que nunca viu a declarante Eugénia Mapandzene no prédio onde esta comprou o apartamento ao preço de 250 mil dólares.
O julgamento prossegue hoje com a audição de mais três declarantes.
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