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Missão do FMI avalia efeitos do Ciclone Freddy

Missão do FMI avalia efeitos do Ciclone Freddy
Jornal Noticias

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) visita Moçambique nas próximas semanas e avaliará, no contexto de uma revisão do programa de assistência financeira, os efeitos do ciclone Freddy.

Lidar com todas as consequências dessas catástrofes está a tornar-se cada vez mais parte da discussão de formulação de políticas que estamos a ter com os governos”, declarou há dias Abebe Aemro Selassie, diretor do Departamento Africano do organismo em resposta à agência Lusa sobre a avaliação do FMI relativa às consequências do ciclone Freddy para a economia do país.

No caso de Moçambique, adiantou, uma a equipa do FMI vai deslocar-se ao país “dentro de algumas semanas para uma análise no contexto de uma revisão do programa, em que serão discutidos os efeitos que este ciclone teve”.

 Moçambique teve dois impactos do ciclone Freddy, primeiro em 24 de Fevereiro e de novo em meados de Março, que provocou pelo menos 165 mortos e afetou mais de 200 mil famílias, segundo um último balanço oficial, ou seja, mais de 880 mil pessoas. Na contabilidade dos prejuízos, só a empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) registou perdas de mais de 25 milhões de dólares norte-americanos, segundo dados MOÇAMBIQUE pretende apostar nos próximos tempos num novo modelo de fixação do salário mínimo praticado em diferentes sectores de actividades, no quadro da revisão deste sistema no país.

Para o efeito, a Comissão Consultiva do Trabalho (CCT), órgão presidido pela ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa, solicitou à Organização Internacional do Trabalho (OIT) apoio técnico na elaboração de um estudo sobre o referido modelo. O estudo visa trazer recomendações com vista à revisão ou não do modelo catual. No quadro do pedido formulado, a ministra do Trabalho recebeu ontem, em Maputo, em audiência, Rosália Vazquez Alvarez, especialista em salários no Departamento de Mercado de Trabalho Inclusivo, Relações Laborais e Condições de Trabalho (INWORK) na OIT, sediada em Genebra, Suíça.

 Na ocasião, Talapa referiu que o modelo atualmente em vigor em Moçambique toma em consideração a produtividade da força do trabalho, captada pela taxa de crescimento económico, inflação e uma designada por factor negocial. “Nos últimos anos, os nossos parceiros sociais têm vindo a manifestar alguma insatisfação em relação a este modelo, pois entendem que está desajustado da realidade atual do país”, disse. Por seu turno, Rosália Vazquez Alvarez garantiu que, dependendo da celeridade na disponibilização da informação, o estudo solicitado será concluído dentro de dois meses e posteriormente será apresentado às partes interessadas.

 Refira-se que este é o primeiro dos vários encontros que a especialista da OIT vai manter com instituições que compõem a Comissão Consultiva do Trabalho, entre membros e parceiros técnicos. A Comissão Consultiva do Trabalho é composta por vários membros, com destaque para a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Organização dos Trabalhadores Moçambicanos Central Sindical (OTMCS), Confederação Nacional dos Sindicatos Independentes e Livres de Moçambique (CONSILMO), alguns ministérios, Banco de Moçambique, Instituto Nacional de Estatística (INE), entre outros.

Missão do FMI avalia efeitos do ciclone Freddy Ciclone Freddy provocou destruição de infraestruturas públicas (Foto/Arquivo) País aposta num novo modelo de fixação do salário mínimo Sofala prevê comercializar mais de 1.2 milhão de toneladas preliminares avançados por fonte oficial.

O diretor do Departamento Africano do FMI recordou que o fundo já antes estava a garantir um financiamento excecional a Moçambique devido a catástrofes como cheias e ciclones anteriores “e continuará apoiar o país conforme for necessário para lidar com isso”, garantiu.

 A resposta à mitigação dos efeitos das alterações climáticas foi uma das prioridades apontadas por Abebe Aemro Selassie para a região, frisando que são “cada vez mais, algo que está a pesar sobre os decisores políticos, sobre a região, sobre os povos”. “Resolver este problema, com o apoio da comunidade internacional, será muito, muito importante. A região não é uma fonte de emissões, como sabem, mas está a ser alvo de muitas das alterações climáticas”, sublinhou.

Outra prioridade apontada foi consolidar as finanças públicas e uma gestão mais proactiva da dívida em países onde os níveis são elevados, e ainda conter a inflação, mantendo-se numa trajetória descendente. Abebe Aemro Selassie falava em conferência de imprensa para apresentar o relatório sobre a África Subsaariana e perspetivas económicas para a região, em que prevê que a dívida pública de Moçambique aumente para mais de 100 por cento este ano, apesar de prever uma aceleração do crescimento económico para 5 por cento em 2023 e 8,2 por cento em 2024.

Depois de Cabo Verde e da Eritreia, Moçambique é o país com o rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) mais avultado de toda a região subsaariana, com quase o dobro da média da região, que está nos 55,5 por cento.

Fonte: Jornal Noticias