MOÇAMBIQUE poderá perder cerca de trinta e cinco biliões de dólares norte-americanos, anualmente, no período entre 2023 e 2030, como consequência das mudanças climáticas, se nada for feito na melhoria de algumas políticas de adaptação e desenvolvimento económico. A informação foi avançada, ontem, em Maputo, durante uma cerimónia de consultas públicas no contexto do Relatório sobre Clima e Desenvolvimento, realizada pelo Banco Mundial ao longo da última semana, nas províncias de Sofala, Nampula e Maputo.
Segundo Paulo Correa, líder do programa do Banco Mundial para Moçambique, os custos previstos representam aproximadamente 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) por ano, o que não é viável para o país, por estar dum lado mais exposto aos eventos climáticos, mas também, é relativamente mais pobre, daí os impactos serem maiores. O Banco Mundial entende que uma maneira importante de lidar com as necessidades de investimento é a mobilização de recursos para o financiamento na área verde, por exemplo, com a participação do sector privado. “Há uma necessidade de também abrir um espaço no Orçamento do Estado para que medidas rápidas possam ser adotadas nos momentos em que ocorrem os fenómenos, bem como investimentos em infraestruturas mais resilientes, a exemplo de estradas, escolas, mas também, estar atendo nas oportunidades de financiamento concessionais”, disse.
De acordo com a fonte, no âmbito da discussão global sobre mudanças climáticas, vários fundos estão a ser criados para apoiar os países mais vulneráveis e mais pobres a financiarem esses investimentos que sejam importantes. O evento tinha como objetivo colher e documentar as contribuições da sociedade civil sobre o Diagnóstico do Clima e Desenvolvimento de Moçambique (CCDR) do Banco Mundial. Este diagnóstico capta a interligação entre os desafios de desenvolvimento de Moçambique e as mudanças climáticas, com vista a identificar as principais prioridades de financiamento e políticas públicas até 2030, para aumentar a resiliência climática do país.
A fonte explicou que para assegurar um diálogo adequado com os seus múltiplos intervenientes, o Grupo Banco Mundial lançou o presente processo de consultas públicas e solicitou os serviços de facilitadores externos (Nedbank) que o apoiarão no processo de organização das auscultações, bem como serviços de facilitação. “A localização de Moçambique como porta de entrada para mercados globais e adoção de recursos naturais renováveis oferece uma oportunidade única para o desenvolvimento de uma economia verde e a transição energética de baixo carbono,” acrescentou Franca Braun, especialista sénior em Gestão de Recursos Naturais do Banco Mundial para Moçambique.
O relatório destaca algumas prioridades para aumentar a resiliência do país aos choques climáticos, adotar medidas em toda a economia, desenvolver e gerir infraestruturas críticas e resilientes, proteger os mais vulneráveis enquanto se promove o crescimento verde, resiliente e inclusivo, entre outros. Desde 20212022, estudos deste tipo foram lançados em mais de 80 países em todo o mundo, inclusive em países vizinhos como a África do Sul, com o objetivo de ajudar os países a reverem suas estratégias de desenvolvimento à luz das questões climáticas.
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