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População de Tete queixa-se do preço da energia

População de Tete queixa-se do preço da energia

A província de Tete é produtora da energia elétrica através da Hidroelétrica da Cahora Bassa (HCB). Ainda assim, a população desta região no centro de Moçambique diz-se sufocada porque alegadamente a corrente é mais cara em Tete do que noutros pontos do país. Os residentes dizem que a situação tem um grande impacto no bolso das famílias mais carenciadas.

Criada em 1975, nos termos de um protocolo assinado entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Estado português, a HCB conheceu a sua reversão em 2007 para o Governo moçambicano numa percentagem de 85%. A corrente elétrica produzida é de benefício nacional. Mas também chega a outros países, nomeadamente África do Sul, Malawi e Zâmbia.

A principal sede de produção está localizada na província de Tete, onde a população considera que a fatura mensal sai muito caro aos consumidores da província comparativamente às outras.

Raúl Pita é cliente da Eletricidade de Moçambique (EDM), empresa responsável por adquirir a corrente à HCB para revender à população e outros utentes. “Nós estamos a comprar energia ou credelec [sistema de venda de energia a crédito], mas não está a dar. Não sabemos porque é que aqui está caro, quando a energia é produzida aqui mesmo”, queixa-se.

Ligações clandestinas

“[Uma recarga] de 100 [meticais, cerca de 1 euro e 45 cêntimos] nem chega para dois dias, quando a pessoa assiste à novela, por exemplo, e tem um congelador”, conta Raúl.

Lino Frase é outro consumidor insatisfeito: “Na verdade, a energia aqui em Tete está mais cara e não sei porquê, é como se a Cahora Bassa não fosse nossa”, lamenta.

Muitos consumidores recorrem a ligações clandestinas para contornar as taxas consideradas exorbitantes. No entanto, estas ligações têm estado a baixar a qualidade da corrente que se consome e constituem um perigo, em muitos casos.

Só no primeiro semestre deste ano, o Serviço Nacional de Salvação Pública (SENAP) em Tete registou um total de 21 incêndios, na maioria em residências, e as ligações que propiciam o roubo da corrente são a causa mais apontada.

Hermínio Nhantumbo, presidente do Conselho Empresarial na província central de Tete e representa a CTA, diz não ter dúvidas de que o roubo da corrente elétrica por parte dos consumidores deriva dos preços altos. “Se nós em casa, que pagamos a energia doméstica, já sofremos, imaginem os empresários”, afirma. “É preciso frisar que há duas taxas, uma comercial e outra doméstica. Nós já reclamamos com a doméstica, imaginem quem paga a taxa comercial”.

HCB remete queixas para a EDM

A HCB garante que vende a corrente à EDM a cerca de 50% do custo normal e, a ser feita qualquer reclamação, só a EDM poderá responder.

Abordado pela DW, o diretor da EDM em Tete, Carlos Mohoro, reconhece que a corrente elétrica na província é mais cara em comparação com o resto do país. A culpa, afirma, é das condições climáticas: “Quando abrimos a geleira cá em Tete, ela consome muito mais do que em Chimoio, na Beira e noutras partes do país, porque Tete é o ponto onde temos as temperaturas mais altas”, explica. “Cá em Tete, precisamos de muita energia comparativamente a todas outras cidades”.

Uma resposta que não convence Hermínio Nhantumbo, presidente do Conselho Empresarial: “Já ouvi várias explicações científicas, mas eu propriamente não estou satisfeito. Acho que devíamos ter uma taxa baixa de uso de energia, sobretudo para a população que vive numa terra de tanto calor”.

Fonte: DW